Incrível como as exterioridades se tornaram importantes para
nós, de modo que agradar ou ostentar, tornou-se no estilo de vida de muitos. Não
importando mais o que somos, mas o que temos. Não importando mais como estamos,
mas como os outros nos vêem. Tudo está para o lado de fora, e ninguém ousa
olhar para a interioridade, para a escuridão de seu próprio ser. Atores da
irrealidade, complexando a vida em um cenário irreal, enquanto a vida passa na
realidade, sem que o importante tenha seu lugar e vez. Receio que parte de nossa
vida se vá, apenas no tempo gasto tentando provar aos outros que não somos o
que somos, mesmo quando tentamos provar que não precisamos provar nada. Pobre ser
humano, já nasceu na caixinha condicionante e só cresce dentro da dimensão da
caixa e neste estado de condicionamento, esta caixa é seu mundo. É estranho,
mas ninguém se vê como um ser finito sob o ponto de vista da materialidade. Tão
certo como o dia de amanhã chegará, chegará a também a minha morte e a minha
morte pode chegar antes. Percebo hoje que o que eu mais preciso é de relações viscerais,
me sinto só neste mundo de interesses, de superficialidades, de uso e desfrute
do outro.
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