segunda-feira, 30 de dezembro de 2019

Fobia da morte

Tristeza infundada
alma fixada
em um passado esquecido...

Vida sem sentido
Ideal não vivido
em um tempo que não volta...

Urgência por norte
medo da morte
acúmulos e desassossego

Busca de esquecimento
muitos passa-tempos
desespero pelo tempo que passa...

Passado que passou
futuro não chegou
total evasão da realidade...

Realmente ninguém é feliz..
esta é a força motriz
Nossa vida é só medo da morte

ansiedades, fobias, urgências
nossa fé é jogar com a sorte
não tem jeito, o tempo não pára...

Eis a grande contradição
somos nós maioria cristãos
religião da eternidade

mas não cremos a bem da verdade
em nossa confissão,
tão pouco na eternidade....

Baú de antiguidades



A morte que me habita
departamentaliza tudo em caixões
Com suas sumarias opiniões
as questões segue fechando,
decretando que está tudo morto enterrado...

Mas a vida insistentemente
desconstrói tenazmente
Todo fúnebre balanço
e o descanso almejado
tem pedido indeferido...


silêncio negado
prazo indefinido
Isto posto, está dito
Veredito prorrogado
tudo é infinito...

nesta dimensão humana

só existe o agora

tudo o que passa é história
mas a vida não vira passado

no baú de antiguidades só tem pó

Anjo perdido


Anjo perdido

já vivi o suficiente
pra saber que o suficiente nunca se sacia...
planos fúteis concebia
minha mente em transição...

A padronização me feria
mas na minha rebeldia
a comunhão não percebi
me vi só com esta missão

desde sempre já sabia
que o plano era inútil
não sacia à matéria
tal caminho não queria...

Mesmo assim sou incansável
insaciável quero grana
toda lama me possui
me seduz tal ilusão

Olhe só o que virei
nesta aglomeração
minha alma se perdeu
endureceu meu coração

Compaixão deixei de ter
ser, não é mais importante
fui programado a um modelo
que é mais forte do que eu...

Pereceu a liberdade
sou anjo preso ao pó
faço planos que dão dó
nem pareço mais um deus

És pó


És pó

Faço amor contigo
tu que cravas adagas em mim.
aprecio-te, tu que me consomes...

Com seu doce veneno
amarga-me a boca
e lentamente roubas me a vida...

te desprezo e te aspiro...
até quando oh desejável
soprarás em mim seu halito?

não mais ficarei,
pois sei que sou pó
e ao pó voltarei...

O poeta eu matava

Eu esperto, andei filtrando meus versos.
só o suportável escrevia,
o estável, previsível...
endireitei minhas linhas!

mantive a sanidade por perto.
do incerto desisti,
engoli o choro no soluço!
e de bruto me vesti...

registrei carteira, assinei contrato
trabalhei noites inteiras!
um canto pra chorar
e uma ilusão pra seguir...

 foi então que percebi,
quando passou o encanto!
que nesta normalidade
eu morria, pois o poeta eu matava...

quinta-feira, 26 de dezembro de 2019

Guaiaca




Guaiaca pra que,
não sei oque é,
dinheiro não tenho!

me fiz neste meio
guaiaca não quero
dinheiro pra que?

Guaiaca de couro
dinheiro de tolo
do nada me fiz!

sem nada e feliz
metal não condiz

pois nu voltarei!

quarta-feira, 11 de dezembro de 2019

Se todos forem cães eu serei gato









burros e leais aos seus donos

dispostos a morrer e a matar




Buldogues!




sendo bons ou maus tanto faz

amam seus donos

Collies


obedecem a comandos

caçam inocentes

Pastores




ladram, uivam e se curvam

escravos irracionais

Pitbulls e vira-latas!




eu desprezo essa gente que me caça

pois só gosto de quem gosta de mim...


sou gato