O mal também visita o bom. Não sabedores do futuro, nós os
presos a contingencialidade do tempo, devemos viver o presente que é tudo o que
temos. Não há barganhas a fazer com a divindade, há um momento e um dia chamado
hoje para se viver, buscando ser o melhor possível, sem explorar o outro a bel
prazer. No dia mal nos serviremos e andaremos nas calçadas que edificamos na
transitoriedade da caminhada. O tempo passa, mas a vida dá muitas voltas.
Ninguém pode viver bem, sob a ansiedade da desgraça eminente, mas realizar-se-á
vivendo a simplicidade da consciência de sua importância no socorro da carência
do outro. Pode-se encontrar um sentido maior quando estamos conscientes de que
o mal que acometeu o vizinho poderia ter naturalmente acontecido conosco, quem
tem esta consciência exercita a gratidão, o socorro e a misericórdia. O
equivoco das barganhas celestiais que só beneficiam alguns exploradores da fé,
tem seu fundamento no equivoco da teologia moral de causa e efeito. Quem
embarca nesta, quando algum mal lhe sucede, ficam totalmente desconstruídos,
surtam de desesperança. O fato é que a chuva também cai na plantação do
latifundiário que manda matar a freira e a freira que só fez o bem, também
morre. Há um sentido maior, naquilo que não tem sentido, para seres com o nosso
tamanho.
João Luiz Ecks
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